Deus atua na humanidade através
de nós próprios. Deus toca o coração daqueles que estão abertos à Sua graça e
que, com simplicidade e confiança, aceitam o seu desafio de ir e proclamar.
Todos temos em nós próprios, enquanto batizados, a missão de profetas. Mas
aceitamos a missão e vivemo-la?
Amós, criticado pelo sacerdote de
Betel pelas palavras proferidas ao Povo, palavras de arrependimento e
conversão, abre o seu coração e, na simplicidade, revela a sua origem: «Eu não
era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava sicómoros. Foi
o Senhor que me tirou da guarda do rebanho e me disse: ‘Vai profetizar ao meu
povo de Israel’». Nesta sua resposta às palavras de Amasias, Amós revela a sua
confiança plena em Deus e a sua entrega total nas suas mãos. Não é a origem que
conta, mas a forma como se aceita que Deus fale ao coração. O profeta sabe que
a sua missão vem de Deus. Cada um de nós sabe-lo? Deixamos o coração aberto e à
escuta do Senhor? Enquanto profetas fazemos a denúncia do mal e fazemos
frutificar o ser Igreja? Quantas vezes não teremos já virado as costas a quem,
com simplicidade e humildade ao querer fazer o melhor para nós, nos aponta os
erros e as falhas e nos dá o horizonte da conversão? É difícil ouvir as
verdades e deixar que as verdades transformem.
Deus escolhe cada homem e cada
mulher, independentemente da sua condição de vida, para falar ao Seu Povo. É preciso
deixar os comodismos e os bairrismos que, em vez de nos aproximar, afastam! A Palavra
do Senhor é uma palavra de paz e de conversão, por isto é que o coração deve
abrir os seus olhos e o seu espírito à receção e à transmissão da Palavra.
Mas também não basta ir pelo
mundo. É preciso ir, mas ir e anunciar, testemunhar, denunciar e mudar a/as
vida/as. Foi para que isto acontecesse que Jesus enviou os Apóstolos. Enviou-os
dois a dois (como era tradição judaica de viajar aos pares) para que estes se
sentissem implicados e enraizados na dinâmica de ouvir, fazer e responder positivamente
aos apelos do Céu e, assim, os corações das terras e das casas onde entrassem,
fossem transformados pela força da Palavra. Nós hoje, discípulos de Jesus, escutando
o seu desafio de ir, respondemos? A nossa vida é transparência da vida
libertadora de Jesus? Estamos abertos às novidades que nos vêm do Senhor?
“Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos
Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo.”