O nosso Pai é assim,
surpreendente: “encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço”.
Não perde um momento para nos encher de misericórdia e nos dar um abraço cheio
de amor e dinamismo radical e movimentado. Mas eu, nós, nem sempre entro nesta
dinâmica da misericórdia.
Jesus, no caminho para Jerusalém,
mostra aos discípulos o rosto da misericórdia de Deus através de três
parábolas: ovelha perdida, dracma perdida e filho pródigo (ou Pai
misericordioso). Não é fácil entrar na “pele” deste pai que depois de dar tudo
o que o filho pede, e de perceber que ele esbanjou tudo em atos de loucura,
egoísmo , irresponsabilidade e rebeldia, mesmo assim o recebe de braços
abertos. Talvez alguns pais recebessem os filhos, talvez outros não os
recebessem. O impressionante é a alegria do acolhimento, pois o pai nem deixa
que o filho se aproxime, mas vai ele mesmo a correr ao seu encontro.
É assim o nosso Deus. Dá-nos a
vida e alegra-se cada vez que O reconhecemos como parte fundamental e essencial
da nossa existência. Este pai da parábola é o nosso Deus, o Pai de Misericórdia
que espera sempre por mim e por cada um de nós, seus filhos rebeldes e
egoístas. Filhos que por vezes lhe viramos a cara para caminhar em direção a
outros lugares, mas que queremos d’Ele tudo o que precisamos para nos manter
vivos: vida, paz, saúde, unidade, entre tantas outras coisas… Pai que se revela
de uma compaixão imensa para com a nossa maneira de ser e que faz uma grande
festa, sempre que tornamos a Si.
Mas e não seremos por vezes
também o filho mais velho? Que estando sempre com o pai, acompanhando-o sempre,
nos achamos no direito de não deixar que ninguém retorne ao nosso grupo depois
de o ter abandonado? Talvez por vezes não consiga(mos) acolher com misericórdia
aqueles que abandonaram e que agora ou noutro tempo voltam e precisam no abraço
da compaixão e da alegria do sorriso.
Neste tempo de quaresma, em que
preparamos a Páscoa, transformemos a vida, preparando o nosso ser com uma
verdadeira e sincera “circuncisão do coração” (à semelhança da circuncisão que
Josué fez para o Povo antes da celebração da Páscoa), de modo a que a
reconciliação seja a nossa íntima união ao Senhor, para com Ele vivermos em paz
e serenidade e assim estendermos conseguirmos fazer reconciliação com o próximo
e celebrar a Páscoa na alegria da esperança da Ressurreição.
1 comentário:
Pe. Ângelo
Bom dia
A Palavra de Deus é maravilhosa e quando nos é transmitida deste modo, de um modo em que nos convida a olhar para o nosso procedimento,para o nosso interior para vermos se encontramos em nosso coração a Misericórdia que Deus utiliza para com todos,nós seres humanos temos sempre a tendência de reforçar os erros em vez de perdoar.
O nosso Pai nos espera sempre ,mesmo quando nós fazemos a nossa vida e parece que sim, mas mantemos uma distância ,como se a nossa vida fosse mandada por nós,pura ilusão.
Ele é fonte ,ELE é tudo,é nossa vida,sem Deus nossa vida é nada, pobre e sem rumo.
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