sábado, dezembro 14, 2013

“Ide contar … o que vedes e ouvis” (cf Mt 11,2-11)

No meio do tempo do Advento, a Palavra de Deus deixa-nos os desafios da Esperança, da Alegria e do Testemunho. Num tempo em que a sociedade prepara de cariadas maneiras o natal, não podemos deixar que o coração e o espírito fiquem para trás, pois Deus vem ao meu encontro, habitar em mim e com todos.
Assim, o desafio do profeta Isaías: “tende coragem, não temais”, é uma motivação de esperança a que todos coloquemos o nosso coração no senhor. Ele vem ao nosso encontro, mas, por vezes, nós cansamo-nos de o procurar. Ou porque a vida não corre como gostaríamos, ou porque temos dúvidas e questões que queremos ver respondidas e solucionadas. O certo é que num mundo de otimistas e pessimistas, qual é que eu escolho ser? O otimista da esperança ou o pessimista que constantemente lança um olhar escuro sobre a realidade circundante? É preciso deixar que a ação salvadora de Deus atue em cada um de nós, em cada um dos nossos corações. Para que assim aconteça, devemos dar-lh’E um lugar na vida (seja todos os dias ou uma vez por semana) para nos enchermos d’Ele. Levantar a cabeça e seguir caminho, com esperança nos pensamentos, no olhar, nas palavras e nos gestos.
“Sede pacientes e fortalecei os vossos corações”, diz s. Tiago. Cada um na sua própria condição tem aqui um desafio belo e tremendo a seguir, pois a ação de Deus torna-se visível através da maneira como eu (cada um) dá testemunho. Se passamos o tempo em queixas e lamúrias, como é que conseguiremos fazer reinar a serenidade e a energia na sociedade (família, amigos, vizinhos,…)? “Esperai com paciência” não são palavras para cruzar os braços, mas para serenar e ser testemunho de paz, fazendo com que a vida ao meu redor se torne cheia de Deus.

“És tu… ou devemos esperar outro?” A impaciência de João Batista não faz dele um profeta e percursor desesperado e sem esperança, mas alguém que anda inquieto por ver a Salvação de Deus acontecer na vida. Lembro-me em João Batista a impaciência de alguns que querem sinais imediatos de deus nas suas vidas. Alguns esforçam-se por encontra-los e, até mesmo, por ser esses sinais; mas outros só esperam que tudo se revele de forma espontânea quando for a sua vontade. Eu ao olhar em redor encontro os sinais de Jesus, tal como Ele revela, em variadas pessoas à minha volta: na pessoa que visita todos os dias os seus vizinhos que não saem de casa,… na pessoa que, mesmo doente, não deixa de sorrir para os que a visitam e só falam dos seus queixumes,… na pessoa que, com uma alegria sincera, dá a mão a quem precisa da sua ajuda,… na pessoa que se lembra dos mais frágeis e que, na discrição, os auxilia,… na pessoa que, para uma natureza mais sã, todos os dias recicla e defende a limpeza da natureza,… Pois os cegos, os coxos, os leprosos, os surdos,… são muitos. È aqui que eu (nós) temos de dar testemunho. “Ide contar o que vedes e ouvis” será que o fazemos? Somos testemunhos proféticos? Levamos os sinais de Deus na vida? Às vezes sim e outras vezes não. Nesta semana vou assumir o compromisso de trazer mais esperança no olhar, na vida e nas palavras, para mim e para o próximo. E tu?

sexta-feira, outubro 18, 2013

sentimentos e palavras (k)


Por vezes parece que: ou nos conhecemos muito pouco, ou então são os outros que pensamos conhecerem-nos bem, afinal não nos conhecerem. Amizades de anos não são postas em causa, mas fazem colocar um pouco da vida em perspetiva, ao nos depararmos com reações de palavras que parecem uma pedra que cai do céu, não se sabe muito bem como. Faz parar para pensar. É bom parar para pensarmos em nós próprios, nas nossas reações, ações e palavras. Colocar a vida em perspetiva. Costumo fazer este "exame" e algumas vezes me surpreendo com o resultado (seja ele positivo ou negativo, pois o importante é continuar a caminhar para crescer!). Há palavras ditas ao coração sobre a maneira como se criam laços que fazem "doer o coração" (nos vários sentidos que a expressão tem). Será que não nos esforçamos o suficiente para sermos amigos? Podemos sempre esforçar-nos mais! e mais! e mais! Depois de algum tempo sem escrever aqui neste espaço pessoal e aberto ao universo, fez-me bem partilhar!

sábado, setembro 07, 2013

Que Igreja somos?

Uma parte da mensagem de reflexão para as paróquias que me estão confiadas...
 
Esta interrogação é uma interpelação direta a que cada um de nós faça uma reflexão séria, cuidada, profunda e em comunidade de que Igreja sente que é, descobrindo o caminho de Igreja para o qual deve caminhar, sendo sempre fiéis ao modelo e aos desafios de Cristo, nosso Senhor e Mestre.

Que Igreja nós somos? Uma Igreja que satisfaz os desejos pessoais de cada um ou uma Igreja que é fiel à Palavra de Deus e segue os Seus caminhos?

Que Igreja nós somos? Uma Igreja de sacramentos ou uma Igreja que é em si mesma um sacramento (sinal)?

Que Igreja nós somos? Uma Igreja em que só alguns “fazem as coisas” porque mais ninguém quer saber de nada e nem se interessa, ou uma Igreja em que todos participam na sua edificação e construção para um mundo à imagem de Deus?

Que Igreja nós somos? Uma Igreja de “supermercado” onde alguns pensam que têm direito a tudo e exigem as coisas só com a sua própria vontade, ou uma Igreja onde todos são verdadeiros discípulos e em comunidade conseguem solidificar as suas vidas em redor do Mestre?

Que Igreja nós somos? Uma Igreja de festas que para muitos perderam o significado e pouco se importam pelos valores cristãos, ou uma Igreja que é festa permanente porque tem Jesus como pedra angular na sua construção?

 

quinta-feira, julho 04, 2013

sentimentos e palavras (j)

Entre muitos e variados pensamentos que surgem, voam e rodopiam, existem tempestades que não os deixam tornar-se a realidade. Tempestades feitas de outros pensamentos e de palavras que ferem, que magoam e que não são liberdade de vida, mas sim uma prisão numa porta que é tão larga que nem se apercebe qual é a sua dimensão. Parece-me que não é tirar a liberdade saber a dimensão da porta pela qual eu/nós devemos andar e passar todos os dias. Quando Ele me/nos diz para me esforçar a entrar pela porta estreita, não está a limitar a minha liberdade, muito pelo contrário... está a mostrar-se como a porta, e como o caminho. Talvez (penso entre muitas e variadas coisas que voam e rodopiam) que o excesso de tudo é tamto excesso que se fica num desconhecido de ignorância. Eu opto por ouvi-l'O e deixar que a Sua Palavra seja a minha guia e a minha porta. E tu?

terça-feira, junho 18, 2013

sentimento e palavras (i)

Há momentos em que a tristeza invade a alma... uma tristeza de desilusão com um mundo de pessoas que não vivem a beleza da vida e teimam em não deixar que outros a vivam ou, até mesmo, querem impedir que muitos olhem a criação com o coração e os olhos do Criador. Esta é a tristeza da incompreensão, do chão que desaparece, do mundo que desaba, de mentes que não querem que outros abram os seus horizontes. Que sentido há em tirar a visão e forçar a visão. Eu gosto da minha visão aberta e gosto cada vez que no meu coração escuto os sons da voz do Senhor a dizerem-me que a minha vontade não me torna nem me deixa perfeito. É por esta e por muitas outras coisas que gosto de Deus que me continua a oferecer o dom da fé e a liberdade de ter fé. É por isto que me entristeço com alguns e algumas que querem cortar a liberdade do conhecimento de Deus e do som da Sua voz. Se ao menos eu conseguisse parar mais vezes para ouvi-l'O e deixá-l'O modificar o meu ser...

sábado, maio 18, 2013

" Recebei o Espírito Santo" (cf Jo 20,19-23)



Receber o Espírito Santo é aceitar a graça de experimentar o Amor. Experimentar o Amor tendo Jesus como Mestre e guia da vida. Por isso Ele dá aos seus discípulos o Espírito Santo, para que eles levem no coração a experiência do amor e a testemunhem e vivam pelo mundo fora. Jesus hoje continua a dar-nos o Espírito Santo e a dizer-nos: “Recebei o Espírito Santo”. Recebemo-lo de facto? Não andarei eu (andaremos nós) distraído com outras coisas que não a vivência da experiência do amor de Deus em mim e no mundo que me rodeia???

As línguas descidas do céu são o sinal da comunicação. É preciso levar a mensagem com a nossa própria língua,… com a nossa própria vida. Cada vez que não aceitamos a Palavra no nosso coração e não damos um verdadeiro testemunho dela, estamos a renunciar ao Espírito Santo. As línguas de fogo descidas do céu são sinal de laços criados com os discípulos (connosco) fazendo o mesmo desafio hoje: criar relações serenas, verdadeiras, de amor com o nosso próximo! Quem é o próximo? Todo aquele que está à nossa volta: a família, o amigo, o vizinho, o que se isola da existência, o que precisa das minhas mãos para trabalhar, o que precisa da minha palavra para sorrir, o que precisa do meu perdão para viver,…

Somos Igreja que se reúne e ouve o Mestre a falar e se deixa animar pelo Espírito? Ou somos Igreja que se reúne por preceito ou obrigação e só se anima pelo que quer?

Que a paz esteja connosco. Que sejamos dignos de experimentar Cristo na vida, aceitando-o! Aceitá-l’O é saber amá-l’O e acabar com o pecado na vida. Sim,… o pecado é toda a ausência de amor que existe na minha e na nossa vida. E sim, o pecado, a ausência de amor, existe e é real.

Deixemos que a diversidade dos dons com que cada um é agraciado, não seja um fator de separação (como era na comunidade dos Coríntios), mas que seja um elo de unidade. Em Cristo, somos um corpo que avança na vida para instaurar o reino do amor e da paz.

terça-feira, maio 07, 2013

sentimentos e palavras (h)

Por vezes há sentimentos e palavras que são despertados por simples toques de simplicidades de sentimentos que despertam após horas e horas passadas. Arrependimentos,... formas de pensar,... palavras dialogadas,... "coisas" trocadas,... E surge simplesmente a questão (que ouço agora numa música): "se se?..." E se tantas coisas fossem de outras formas... e se palavras fosssem ditas e outras evitadas... e se atitudes fossem tomadas e outras esquecidas... e se medos fossem ultrapassados e outros aparecidos... e se sorrisos fossem mais tidos que esquecidos... e se respeito existisse mais que palavras cortantes... e se ...

sábado, abril 13, 2013

«Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo».(cf Jo 21,1-19)

Como ser verdadeira e melhor testemunha de Jesus neste tempo e nestes dias que são os nossos? Só através do amor! Fazendo da vida um serviço de amor constante ao próximo. É comum entre nós, homens e mulheres de fé, nos dirigirmos a Jesus nas orações as súplicas e os agradecimentos. Mas é comum fazer nas nossas vidas a Sua vida? Acredito que é isto que Jesus nos continua a ensinar hoje: a fazer como Ele faz, a ser como Ele é, a amar como Ele ama. Aqui encontra-se o caminho simples para ser trilhado e calcado.
«Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?» Infelizmente não consigo quantificar o amor que tenho por Jesus ou que alguém tem por Ele. Mas esta questão vai além de uma quantificação: vai ao fundo do coração, vai dentro do amor.
«Simão, filho de João, tu amas-Me?» Claro que Te amo, Senhor, claro que Te amamos, Senhor, mas muitas vezes não sabemos como amar, porque vivemos mais segundo a consciência e a razão do que segundo o coração…
«Simão, filho de João, tu amas-Me?» Amo-Te, Senhor,… mas preciso aprender a amar-Te mais em tudo. Naquilo que foste e és… nas Tuas palavras, que por vezes não oiço porque me distraio,… nos Teus silêncios que por vezes não os faço porque tenho mais em que pensar… nos Teus sorrisos que estão ao meu redor e que por vezes não se abrem porque esperam a minha palavra que não sai… no Teu sofrimento que existe e que espera por mim para ser aliviado e, por vezes, passo ao lado,… preciso de aprender a amar mais em tantas coisas, Senhor, mas,… «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo».

terça-feira, abril 02, 2013

sentimentos e palavras (g)


Amor... Uma palavra, um sentimento, uma essência... É assim que hoje eu defino o amor. Uma essência que faz levantar os corações e os espíritos e nos permite vencer todas as barreiras da vida, sejam elas quais forem! Parece isto uma utopia? Penso que não. é uma certeza! De onde me vem a certeza? D'Ele e só d'Ele. Ele amam-me eu eu não me posso sentir mais feliz do que assim: amado por Ele! è bom sentir o Seu amor nas várias bênçãos quotidianas que Ele me dá. Mas como não quero ficar só com o Amor d'Ele para mim,... partilho-o nestas palavras e renovo o compromisso de o partilhar nas palavras ditas, nas ações praticadas e no testemunho servido. Só assim consigo retribuir o Seu imenso Amor por mim. Quero renovar este compromisso diante d'Ele e diante do mundo, pois por vezes o Seu amor que é o bastante, faz desesperar pelas minhas falhas humanas e pela falha de comunicação. Amo-t'E, Senhor, não me abandones e continua a abrir o caminho para que eu siga a Tua vontade e viva o Teu Amor na essência da vida e na profundeza do coração. A vida sem Ti é tão diferente...

quarta-feira, março 27, 2013

palavras e sentimentos (f)

Não só às algumas, mas muitas são as vezes que é difícil exprimir por palavras o que vai dentro dos pensamentos e das vontades da alma... O desabrochar constante de desafios faz com que surjam desejos e quereres de se poder crescer mais e ser-se mais em disponibilidade e em favor do próximo. Não existe a máxima: "já fazes tanto..." Deveria existir uma outra: "o que podes fazer ainda mais?" Isto é o sentir e as palavras que neste momento me surgem no coração...

sábado, março 16, 2013

«Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra» (cf Jo 8,1-11) – V Domingo da Quaresma – Ano C



Com alguma facilidade se julgam os comportamentos do próximo e se fazem juízos de valor acerca de tudo e de todos. Não com a mesma facilidade se abre a possibilidade de uma nova página na vida de quem erra. Por estas duas razões, penso que a Palavra de Deus, neste Domingo, nos quer ajudar a abrir o coração para que possamos ser mais amorosos e misericordiosos uns para com os outros. 

Recorda-nos o profeta Isaías a desilusão e a tristeza que o Povo tem no exílio da Babilónia. A ânsia por uma nova libertação das amarras da opressão e da escravidão. E eis que Deus se manifesta dizendo que vão regressar a casa e que o retorno vai ser mais fácil do que quando voltaram do Egito. Porquê mais fácil? Talvez porque agora o Povo já compreendia de um modo mais perfeito a “vida nova” que é oferecida por Deus. Talvez porque agora a conversão dos seus corações já seja mais verdadeira e sentida. Talvez para que se recordem sempre da misericórdia e do amor de Deus.

Chama S. Paulo a atenção para a maratona da nossa vida que não tem uma meta cortada, ou seja, um fim. É preciso um esforço continuo para se conhecer mais e melhor Jesus e para que o “lixo” que ocupa a vida, seja deitado fora e dê lugar à identificação com Ele. De que serve dizer-se ser cristão se a vida em nada é um esforço para se confrontar com a vida/palavras de Jesus Cristo?

Pois para conhecer é preciso entrar em oração, em meditação e reflexão. Jesus em cada dia retira-se para orar e só depois ensina. Falava do Pai, da prática do bem, da opção pelos mais pobres e fragilizados, escolhia os mais pequenos para exemplo de vida, contava parábolas para melhor ilustrar a mensagem. Mas eram alguns os que não gostavam dos seus ensinamentos de liberdade e amor universais. Por isso a cada pouco O testavam. Ao ponto de levarem alguém que foi apanhado em flagrante adultério e lhe dizerem que a Lei mandava matar essa pessoa. Claro que Jesus aproveita o momento para duas coisas: primeira para ensinar que não nos devemos andar a matar uns aos outros, pois Deus não quer a morte; segunda, para ensinar que o pecado é parte da fragilidade humana e, talvez por isso, “quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra”.

Um coração de amor e de misericórdia que se esforça por transformar/converter constantemente! Esta é a grande maravilha que o Senhor continua a oferecer a todos nós, seu povo, em mais um desafio no tempo da Quaresma.

sábado, março 09, 2013

“encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço” (cf Lc 15,1-3.11-32) - IV Domingo da Quaresma - Ano C



O nosso Pai é assim, surpreendente: “encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço”. Não perde um momento para nos encher de misericórdia e nos dar um abraço cheio de amor e dinamismo radical e movimentado. Mas eu, nós, nem sempre entro nesta dinâmica da misericórdia. 

Jesus, no caminho para Jerusalém, mostra aos discípulos o rosto da misericórdia de Deus através de três parábolas: ovelha perdida, dracma perdida e filho pródigo (ou Pai misericordioso). Não é fácil entrar na “pele” deste pai que depois de dar tudo o que o filho pede, e de perceber que ele esbanjou tudo em atos de loucura, egoísmo , irresponsabilidade e rebeldia, mesmo assim o recebe de braços abertos. Talvez alguns pais recebessem os filhos, talvez outros não os recebessem. O impressionante é a alegria do acolhimento, pois o pai nem deixa que o filho se aproxime, mas vai ele mesmo a correr ao seu encontro.

É assim o nosso Deus. Dá-nos a vida e alegra-se cada vez que O reconhecemos como parte fundamental e essencial da nossa existência. Este pai da parábola é o nosso Deus, o Pai de Misericórdia que espera sempre por mim e por cada um de nós, seus filhos rebeldes e egoístas. Filhos que por vezes lhe viramos a cara para caminhar em direção a outros lugares, mas que queremos d’Ele tudo o que precisamos para nos manter vivos: vida, paz, saúde, unidade, entre tantas outras coisas… Pai que se revela de uma compaixão imensa para com a nossa maneira de ser e que faz uma grande festa, sempre que tornamos a Si.

Mas e não seremos por vezes também o filho mais velho? Que estando sempre com o pai, acompanhando-o sempre, nos achamos no direito de não deixar que ninguém retorne ao nosso grupo depois de o ter abandonado? Talvez por vezes não consiga(mos) acolher com misericórdia aqueles que abandonaram e que agora ou noutro tempo voltam e precisam no abraço da compaixão e da alegria do sorriso.

Neste tempo de quaresma, em que preparamos a Páscoa, transformemos a vida, preparando o nosso ser com uma verdadeira e sincera “circuncisão do coração” (à semelhança da circuncisão que Josué fez para o Povo antes da celebração da Páscoa), de modo a que a reconciliação seja a nossa íntima união ao Senhor, para com Ele vivermos em paz e serenidade e assim estendermos conseguirmos fazer reconciliação com o próximo e celebrar a Páscoa na alegria da esperança da Ressurreição.

sábado, março 02, 2013

“Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos.” (cf Lc 13,1-9)



Estou convencido das inúmeras oportunidades que o Senhor me/nos concede para encontrar o caminho do Bem e da Verdade. Perante uma multiplicidade de caminhos que são oportunidades de escolhas múltiplas, o Senhor aparece sempre como o sentido da existência, como a oportunidade a agarrar.

Ele manifesta-se de muitos modos ao longo da história da humanidade. A Moisés chamou-o através da sarça ardente e comprometeu-o através da missão da libertação do Povo do cativeiro do Egito. Deu a conhecer ao profeta a Sua realidade: “Eu sou aquele que sou”. O Senhor de hoje, mas também do ontem e do amanhã. Deus manifestou-se e continua a manifestar-se sempre que cada um de nós tem a coragem de lutar pelos valores do Bem e da Verdade. Sempre que conseguimos sair da passividade da rotina diária e recriamos a vida para fazer mais alguma coisa pelo bem do próximo. O Senhor está presente! O Senhor manifesta-se!

O fruto do coração apresenta-se ao Senhor quanto mais verdadeira e sincera for a nossa comunhão com Ele, na relação com o próximo. De que adianta “cumprir” ritos, se o coração não vive o que se pratica e celebra? S. Paulo lembra-nos que o Povo foi conduzido pelo deserto e alimentado por Deus, mas cedeu aos ídolos. Por isso é que a nossa comunhão com Deus deve ser um ideal de aperfeiçoamento e não um ideal de cumprimento. O que é o ideal da vivência cristã: os ritos participados ou a comunhão vivida com sinceridade de coração nos ritos e na vida quotidiana?

Por causa da nossa fragilidade humana é que o Senhor, na Sua imensa Bondade não se cansa de nos dar oportunidades para produzirmos bom fruto. Que fruto é que dia após dia o nosso coração apresenta ao Senhor? “Deixa ficar a figueira mais este ano,… vou cuidar dele,… talvez venha a dar fruto…” Ele planta, Ele dá oportunidades, Ele dá tempo, Ele vai tratando,… e eu/nós o que vou fazendo? O que tenho mudado neste tempo da Quaresma? No meu encontro com Deus e com o próximo, que frutos tenho apresentado? Quais são os valores que são verdadeira prioridade na minha vida?