quarta-feira, julho 26, 2006

terça-feira, julho 25, 2006

uma loucura....

A loucura da alma pode levar-nos à loucura da vida. Mas no meio de tantas e variadas eu prefiro ser louco por completo do que ser um mero ser que passa e nada faz... Sim, porque há muitos seres que são isto mesmo: passam a vida sem serem e sem nada fazerem, olhando a vida passar, sem quererem fazer parte dela. Por isso eu prefiro ser um louco que vive a vida e que quer vivê-la com a loucura de ser um caminhante que dá passos rumo a um lugar de felicidade e de alegria. Só espero nunca deixar ninguém de fora desta minha loucura, podendo levar muitos a serem loucos como eu.

Por Cristo sou louco, para que mais louco seja o mundo!

quinta-feira, julho 20, 2006

uma reflexão repentina...


Quando as certezas parecem existir tornam-se incertezas, e quando a realidade parece existir, transforma-se novamente em sonho....

terça-feira, julho 18, 2006

sentimento profundo... (M)


Perdido num campo de amor,
Corro em direcção ao teu olhar....
Os teus olhos são carinho de sonho,
O teu coração é o sol do calor...

Perdido no meu pensamento de loucura,
Só penso em ti e no teu rosto...
A tua boca é mel de primavera,
O teu corpo é gosto do todo...

Perdido neste mar de saudades por ti,
Nunca me esqueço da tua imagem...
O vento dos teus cabelos é brisa em mim,
A dor do amor é alegria por ti...

Perdido, perdido, perdido...
Só estou perdido por ti...
Tudo o que tu és é um sonho real,
Que é e será sempre o meu ideal.

ângelo miguel
29 março 2002

sábado, julho 15, 2006

sentimento profundo... (L)

Sempre que reparo no que se passa à minha volta só vejo um amigo.
É estranho, eu sei, mas é verdade. Ele é o único que me diz alguma coisa, o único que me vai percebendo, o único que me vai entendendo.
Mas eis que chega uma determinada hora que me vejo sem ele. Fico sem apoio, sem ninguém com quem falar. Que grande tristeza, que tão pouca felicidade.
Agora só tenho memórias. Memórias dos nossos diálogos. Memórias dos nossos desabafos, memórias de tudo aquilo que passámos juntos. Foram tantas emoções, foram tantos os acontecimentos. O mundo girava rapidamente, eu não o conseguia acompanhar. Oh! Que tristeza a minha, que tão pouca felicidade.
Sentia-me vazio, despido, completamente nu. Um terrível medo invadia-me a alma. Medo de um novo encontro. Medo pela minha, nossa reacção, medo por tudo o que possa acontecer entre nós, medo por aquilo que possamos falar, dizer, desabafar... medo de todos e de tudo.
Como gostaria eu de não me sentir assim.
O medo passou a ser o de não deitar tudo a perder. Tudo pronto para o reencontro, tudo pronto para ser perfeito, tudo a postos para nos olharmos.
A angústia dentro de mim aumentava!
Os nervos estavam em pé de guerra, as minhas pernas estremeciam, mas uma voz me dizia: Força, coragem, tudo irá correr bem!
Assim entrei, olhei e enfrentei! Lá estava ele, pronto para me olhar, pronto para me iluminar. Corri com quantas forças tinha. Corri na sua direcção. O meu coração batia fortemente, saltava de tanta alegria. O meu sangue percorria todo o meu corpo a uma tempestade vertiginosa. Tudo ia explodir, e por fim... o abraço, o alívio, a felicidade plena.
Tudo se tornava branco! A nossa amizade nunca acabou, os alicerces jogados à terra eram fortes de mais para serem destruídos, a nossa memória nunca se apagaria, a cara do outro esteve sempre presente em cada uma das acções que praticávamos.
A alegria era agora o mais que tudo. Tudou calou as nossas palavras, tudo o que dissemos seria inútil perante tão grandioso reencontro. Tudo é pouco diante de uma amizade como a nossa, tudo é nada diante de qualquer amizade.

ângelo miguel 2001

sexta-feira, julho 14, 2006

sentimento profundo... (K)


PRESENÇA

Sento-me muitas vezes a pensar o que aconteceria se eu fosse o vento…
Se eu fosse o vento passaria por tudo o que me rodeia…
Penetrava por entre portas inacessíveis!
Deslizava pelos cabelos de quem passava na rua!
Seria causador de grandes momentos de paz,
Mas também de grandes momentos de tristeza.
Seria como o doce canto da água,
Como a leve luz que vai tremendo,
Como o sensível entardecer,
Como um sonho bom e mágico.
Se eu fosse o vento seria rápido e veloz,…
Fugiria das amarras do tempo
E passaria por todos os cantos do mundo!
Se eu fosse o vento gostaria de cantar,…
De cantar por entre as frestas das janelas,
De cantar nas espigas das searas,…
De ser um sonho e de ser uma realidade!
De ser a força e a fraqueza!
De ser…



ângelo miguel
Fevereiro 2004

sentimento profundo... (J)

No verde dos campos te encontro,
Na brisa da manhã te contemplo.
A brancura da neve ofusca-me
É o teu olhar que me abraça!

Tu, o fogo que me aquece,
O sal que está no meu rosto.
Tu, a vida que eu quero,
A alegria do meu olhar!

Contemplo o azul das águas...
Vejo o teu esplendoroso reflexo...
Sinto-me invadido por mágoas,
Quero viver com o teu gosto!

És a terra que eu piso,
O sagrado que me deixa feliz.
És a areia do mar a fugir dos meus pés,
O coração que não deixa de amar!

ângelo miguel
Abril 2001

quinta-feira, julho 13, 2006

sentimento profundo... (I)


Estando sentado e a pensar,
Lembro o tempo a passar,
E lá fora os sorrisos tristes
De milhões a chorar…

E de repente eu vejo uma luz
Que ilumina a vontade de amar
E partir para junto de quem
Precisa de mim…

Por mais distante que eu vá,
Só encontro braços no ar…
Pedindo um pouco de paz
E amor pr’a viver e sonhar!...

E vou partindo pr’a junto
De quem estende a mão e de quem
Quer o amor junto a si…

E deixo tudo pr’a traz só para
Poder ajudar a sonhar
E acreditar que a vida existe!...

ângelo miguel
Outubro 2004

quarta-feira, julho 12, 2006

Consagração a Nossa Senhora


Avé Maria,
Mãe de Jesus e nossa Mãe,
Mãe de toda a Humanidade.
Tu que és templo do Espírito Santo,
derrama sobre nós a tua benção de Mãe,
neste dia em que celebro solenemente a Eucaristia,
junto da minha família e amigos,
a Ti me consagro de modo especial,
no ministério sacerdotal que me foi confiado.
A Ti consagro e entrego à Tua protecção:
Os meus pais e toda a minha família,
Os sacerdotes do presbitério a que agora pertenço
Os meus amigos e colegas,
que vão passando pela minha vida,
esta aldeia da Ruvina que me viu crescer
as comunidades que me estão confiadas:
Vila Garcia, Vila Fernando, Albardo e Adão.
Guarda-nos com o teu amor maternal,
junto ao teu coração.
Guarda os nossos caminhos
nas sendas do único caminho
que Teu filho Jesus nos quis apontar,
cumprindo aquilo que Tu mesma nos pediste:
Fazei tudo o que ele vos disser.
A Ti que és Mãe e rainha dos sacerdotes,
A Ti que és modelo de “sim” e de entrega,
e nos ensinas
o verdadeiro valor do serviço e da caridade,
me entrego e a todos aqueles
que me saõ e serão confiados,
para que os guie na busca e vivência do Reino,
amando e servindo.
Santa Maria, Senhora do Rosário, roga por nós.
Amen.

segunda-feira, julho 10, 2006

Homilia da Missa Solene

Caros amigos padres e diáconos,
Amigos seminaristas,
servas de Jesus e religiosas e religiosos de vida consagrada,
Caros irmãos e irmãs na fé.

Hoje é um dia de especial alegria interior para mim e, espero, também para cada um de vós. Celebro esta Eucaristia convosco, oito dias depois da minha ordenação sacerdotal, e desde já quero agradecer a Deus o ter escolhido este seu insignificante e humilde servo para Amar e Servir o Seu Reino.
Nesta tarde de sol brilhante somos convidados a reclectir a Palavra de Deus que hoje nos é proposta. Nem sempre as palavras que alguém nos diz são bem aceites, ou porque são palavras ofensivas, ou porque são palavras que contradizem aquilo que pensamos. Assim, podemos olhar a Palavra de Deus e pensar no que ela significa para cada um de nós: Será a Palavra de Deus um meio para eu me tornar mais Amor? Ou será simplesmente algo que eu escuto e não quero pôr ao serviço dos irmãos?
Hoje ao escutarmos a leitura de Ezequiel, contemplamos um homem chamado por Deus e que é enviado a ser profeta, ou seja, a levar a Palavra de Deus a outros povos. E não é por acaso que nesta passagem o Espírito chama Ezequiel de filho do homem. Ezequiel é filho do homem tal como eu sou e tal como é cada um de nós: fárgil, comum mortal, pecador, errante,... Desde já podemos ver que Deus chama ao seu amor e ao seu serviço os mais comuns e normais de entre muitos. Por isso é que eu me considero servo de Deus. Não sou mais nem menos do que cada um de vós. Tenho uma missão a desempenhar neste mundo, tal como todos têm a sua própria missão. No nosso crescimento temos o tempo para discernir, para ouvir a Voz de Deus e seguir o caminho que Ele nos apresenta.
Deus serve-se de mim e de todos nós para se comunicar ao mundo, para fazer ouvir a Sua Palavra e para oferecer o Seu Amor. Mas esta Palavra e este Amor para todos, não fica encerrado em mim, padre, mas é missão para todos os que estamos aqui hoje e para muitos outros que já conhecem a maravilha do nosso Deus Amor e misericordioso.
Ezequiel foi enviado a um conjunto de pessoas, para levar uma mensagem específica de Deus, para levar a sua Palavra. Assim eu sou padre e enviado a todos vós. Houve alguém que um dia me disse que ser padre não é ter um coração de amor encerrado num determinado sítio e lugar. Ser padre é amar tudo e todos de igual modo e com a mesma intensidade. Neste momento peço a Deus que me oriente sempre os meus caminhos, me ajude a abrir os olhos e me ajude a continuar a renovar o meu enamoramento por Si todos os dias. Enamorado por Jesus é como estou neste momento e é como quero permanecer sempre.
Das fontes da Salvação saciai-vos na alegria. Jesus é salvação, Jesus é Amor, Jesus é Paz. É nesta alegria que eu quero viover e que quero levar muitas vidas a viver. Numa alegria que começa nesta terra, e que se prolonga até à vida eterna. De Jesus água viva, devemos beber, para que em cada dia sejamos e possamos ser nova frescura e nova vida para o mundo que nos envolve. Mas quando se diz que Jesus é Amor e Paz, não são o amor e paz que nós estamos muitas vezes habituados a viver e a sentir. O amor e paz de Jesus não se vêm no mundo que vivemos, mas são o sonho que podemos realizar e que eu convosco quero constuir. Jesus dá-nos a beber da sua água, nós vamos até Ele e tomar parte da sua frescura.
Quando sou fraco, então é que sou forte! Só Paulo é que poderia deixar assim uma mensagem para as suas comunidades, mas uma mensagem que percorre o tempo e chega aos nossos dias. Paulo é um homem apaixonado por Deus, um homem que vive Deus em si, um homem que cumpre a sua missão de proclamar a Palavra de Deus. Hoje, na sua Carta aos Coríntios dá um testemunho das suas fraquezas, fraquezas essas que existiam na sua humanidade e que exitem hoje na nossa humanidade. A “linha” que nos separa do mal e do errado, é uma linha muito fina e que facilmente pode ser quebrada. A nossa ligação a Deus tem, e deve ser, uma ligação muito forte, muito cheia de vida e de amizade. Qualquer um de nós tem na sua natureza uma tendência a fraquejar... Paulo diz-nos hoje que, independentemente das adversidades que nos possam aparecer, devemos sempre lembrar-nos que somos fracos, mas que confiamos em Deus.
Nós não precisamos de um Deus que faz magia. A mim basta-me saber que Deus me ama (e sei-o) e que quer que eu continue a amar quem está ao meu redor. Nós não precisamos de um Deus distante. A mim basta-me sentir que ele me ampara e me segura com a Sua Mão. Nós não precisamos de um Deus justiceiro. A mim basta-me sentir o seu perdão, pois nesta certeza todos podemos crescer, arrependidos do mal que fazemos e querendo ser melhores.
Quando nos sentimos fracos, desamparados, desesperados, a certeza de um Deus que nos Ama, que perdoa e que nos segura na mão, deve ser muito maior e assim encontraremos força nas fraquezas.
Senhor, Tu sabes tudo!
Nos nossos dias, na nossa sociedade, existe uma grande falta de confiança, uma falta de vontade em assumir compromissos, uma falta de fé, generalizadas... Hoje Jesus continua a convidar a Segui-l’O. Tal como disse a Pedro: Segue-me, Di-lo hoje e a cada momento a todos nós.
Jesus pergunta a Pedro se ele O ama. Pedro responde sempre: Senhor, tu bem sabes que Te amo. Esta deve ser a nossa resposta! Jesus hoje pergunta-nos sempre se o amamos. Hoje a minha resposta é como a última resposta de Pedro: Senhor, Tu sabes tudo, Tu bem sabes que Te amo! Mas digo-o não com a tristeza que Pedro sentiu ao ser questinado pela terceira vez, mas com a alegria de que Jesus é tudo para mim.
Mais de que vãs buscas espirituais (que acontecem muito nos nossos dias) digo-vos um segredo: Só Deus Basta! Nada mais é preciso na nossa vida. A Alegria de ter Jesus em mim e poder levá-lo aos outros através da celebração da Eucaristia, é algo que me põe numa relação íntima com Jesus e que me leva a dizer em verdade: Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo!
Apascenta as minhas ovelhas. É esta a minha missão! É isto que Jesus quer de mim. Esta é uma missão difícil que quero assumir, mas que assumo com a ajuda de Deus, com a sua mão carinhosa que me ampara, com a Sua Palavra de cada dia, com o Seu Amor. Sem Deus nada sou, nada quero ser e nada posso ser!
“Seduziste-me Senhor, e eu deixei-me seduzir” é a frase bíblica que fui invocando ao longo de toda a minha descoberta vocacional e que quero continuar a invocar em toda a minha e nossa vida. Rogo a Deus que muitos outros se sintam seduzidos e chamados a Jesus como eu fui e me sinto neste momento. Que Jesus continue sempre a iluminar as nossas vidas e que a benção maternal de Maria seja conforto para o nosso dia-a-dia.

segunda-feira, julho 03, 2006

um novo padre...

Um dia cheio de alegria e felicidade. Quero deixar um simples agradecimento.Agradeço a Deus por me ter escolhido por servir o seu reino. Jesus, aqui estou para Amar e Servir! Agradeço à minha família o dom da minha vida, do meu crescimento e da minha realização pessoal. Agradeço a todos os que ao longo deste último ano de estágio pastoral me foram "aturando", também é graças a vocês que eu hoje sou padre e serei padre para vós. Simplesmente fica o desejo de que futuramente muitos outros possam dizer as palavras de Jeremias «Seduziste-me, Senhor, e eu deixei-me seduzir» (Jer 20, 7).

domingo, julho 02, 2006

uma vida....

Depois de publicar as meditações que fiz durante o retiro de preparação para o sacerdócio, dia-a-dia, hoje serei ordenado prebítero na Sé da Guarda às 16h00m. Depois de ter deixado a última publicação, deixo também a partilha da experiência que fomos tendo ao longo dos dias com as Carmelitas Descalças da Guarda.

Entre os dias 18 e 23 de Junho, estivemos em retiro os três próximos sacerdotes e dois diáconos da diocese da Guarda. Um tempo que passou, mas que continua bem vivo dentro de cada um de nós. Ao longo de todos estes dias tivemos momentos de grande reflexão e profundidade, nos quais nos encontrámos com Deus e e partilhámos um “cantinho do céu” com as Irmãs Carmelitas Descalças da Guarda.
Porquê cantinho do céu? Podemos dizer que em todos os dias em que participámos na celebração Eucarística com elas, encontrámos mulheres extremamente felizes por participarem no encontro real com Cristo. Dizemos isto porque muitas vezes as celebrações da Eucaristia “acontecem” e “passam”. Com as carmelitas não! Ela vem e permanece!
“Mulheres fechadas”? Jamais ppoderemos pensar isso. Antes mulheres abertas e de uma extrema simplicidade de palavras, vivência actos e gestos. Na simplicidade descobre-se muita coisa. Elas re-ensinaram-nos isso.
Num dos nossos dias de retiro foi possível termos um diálogo com estas mulheres. Trocámos impressões. Pensamos ter feito daquele diálogo um momento de crescimento mútuo, no qual nos apercebemos que as Carmelitas estão bem presentes na vida dos sacerdotes através da oração. Fizemos algumas perguntas, como por exemplo: o que pensam que devem ser os sacerdotes do nosso tempo? Elas simplesmente nos respondem dizendo: homens de Deus. Esta resposta ressoa até agora na nossa alma, porque por muitas coisas que possamos querer ser, nunca nos deveremos esquecer que primeiro de tudo seremos homens de Deus.
Na imensa simplicidade de vida das carmelitas elas partilharam com cada um de nós uma carta de Isabel da Trindade na qual uma frase foi destacada por cada um de nós: “tanto o Sacerdote como a Carmelita, preparam o advento do Senhor nas almas...” As carmelitas estão intimamente ligadas aos sacerdotes e o que nós podemos fazer por elas é não esquecer e ir passando por elas para partilhar a nossa oração.
Queremos ainda dizer que ser Carmelita não é estar distante do mundo, mas estar presente nele. E todos podemos contactar com estas mulheres que optaram por uma vida à qual Deus a chamou de muitas e variadas maneiras. Todos temos uma vocação, um chamamento de Deus. Fica o apelo: passem pelo Carmelo da Guarda, entrem em contacto com as carmelitas, vão encontrar mulehres felizes e bem próximas do mundo!
Um obrigado muito especial e carinhoso a elas, que não só partilharam o seu enamoramento por Jesus connosco, mas que também nos unimos com elas em oração. Um obrigado cheio de amizade ao Pe. Jorge Colaço, que foi quem nos orientou este tempo de retiro e que nos proporcionou esta tão maravilhosa paragem na nossa vida, que nos levou também ao encontro com o Carmelo da Guarda.
Por todos rezamos e a todos pedimos a sua oração por nós. Nós não temos medo daquilo que Ele nos possa pedir... se Ele pede é para nos dar muito mais!

uma partilha de algo...BOM!!! (reflexão 7)


Podia ter um “clique” que seria um aparecimento espontâneo da minha vocação. Mas não foi assim que ela apareceu. Ao contrário do que muitos possam pensar, eu desde muito pequeno quis entregar-me nas mãos de Deus para ser seu servo. Recordo-me perfeitamente das férias que passava na terra natal da minha mãe e ia com a minha avó, logo cedo, à eucaristia do Colégio. E dizia-me ela: não queres ser padre? Eu fui alimentando esta ideia, que deixou de ser uma ideia, mas que passou a ser uma procura.
Na catequese da minha paróquia, muitos diziam que eu seria um bom padre. Mas eu questionava-me o que seria um bom padre? E assim fui andando, sempre procurando o que Deus queria de mim. Namorei (e não foi pouco)… fui fazendo a escola primária e o ciclo até que recebo uma carta que me convida a entrar no pré-seminário da Guarda. Eu aceitei o desafio. Confesso agora que já à algum tempo que eu nem pensava em ser padre. Ao aceitar o desafio parece que uma nova luz nasceu no meu horizonte. Passados três anos lá deixo eu a casa (Almada) e vou para o Seminário da Guarda.
O Seminário não foi uma certeza do que eu queria ser e seguir. Foi um período de descoberta, de crise, de felicidades e alegria, de partilha, de amizade, de oração e encontro pessoal com Deus. Eu tenho-o de descrever assim. Porque se alguma vez me senti perdido de Deus foi no Seminário. E o reencontro também foi no Seminário. E não me posso esquecer de tanta gente que se cruzou no meu caminho. Neste período, devo muito a alguns superiores que me acompanharam nos momentos que mais precisei. Devo-lhes a ele, porque Deus por meio deles veio e continua a vir até mim.
Em todo este crescimento vocacional (que espero que nunca pare) aprendi a amar, a relacionar-me com os outros, aprendi a perdoar, a sentir os outros, aprendi a rezar e a fazer da oração um momento de diálogo com Deus. Mil e uma coisas poderia dizer acerca desta minha “aventura vocacional” mas a história nunca está terminado e muitos dos momentos vivem dentro de mim. Agradeço a Deus o Ele nunca ter desistido de mim, mas sempre me ter amparado as quedas com as suas mãos carinhosas e me dizer: Vai, tu consegues, Eu preciso de Ti!

Vou ser padre! É uma realidade próxima. Vou ser padre para os outros. Não o sou para mim. Quero sê-lo porque quero continuar a amar tudo e todos! Não quero um título quero um serviço ao mundo. Não quero um serviço ao mundo, quero amar o mundo como Jesus nos amou e continua a amar. Não quero simplesmente amar, quero amar e servir!
Vou ser padre para todos os que se cruzarem comigo, para aqueles a quem eu procurarei, para os que não acreditam, para os que perderam a fé sem razão, para os que sofrem, para os rejeitados, para os que precisam de Deus nas suas vidas, para os que precisam de amar mais, para os que não se vêem aos nossos olhos, para que estão ali á espera de mim…
Depois de escrever isto parece que é um discurso pensado que saiu de dentro da minha cabeça, mas é realmente aquilo que eu quero e penso ser.

Hoje, no trabalho que já desenvolvo nas paróquias que me estão confiadas pastoralmente, penso que o trabalho, ou melhor, o serviço que presto tem levado a criar a consciência de que todos formamos a comunidade e que se somos cristãos temos de nos relacionar bem uns com os outros e para podermos ouvir dizer: vede como eles se amam!
Muitas vezes desanimo, mas desanimo a sério! Dá-me a sensação de que ninguém ouve o que Deus quer dizer e que por mais que uma pessoa lute pela unidade é um objectivo difícil de alcançar. Uma coisa tenho certa: não quero ter grandes comunidades, o que quero é que eu e elas possamos construir uma comunidade orante e transparente de amor e de paz.

sábado, julho 01, 2006

uma partilha de algo...BOM!!! (reflexão 6)


Ser padre é também ser alguém que conhece o mundo em que vive, que sabe o que é viver em sociedade, que está a par de tudo o que se passa. Penso que ao longo do ano que passou fui tentando manter-me actualizado, tanto a nível social, como religioso. Mas há ainda um grande caminho a percorrer à minha frente.
Pode parecer mal admitir, mas acho que não sou uma pessoa de grande cultura. Tento manter-me no meio do mundo, mas preciso muitas vezes de me abstrair de tudo e isso pode prejudicar o meu relacionamento com a vida social.
Agora mais do que nunca tenho de desenvolver em mim a consciência de que estou numa sociedade, da qual eu devo ser o reflexo, e a qual deve também ver em mim um reflexo, ou seja, ambos devem viver interligados um com o outro. Não gostaria de ser aquele tipo de pessoa que se exclui dos problemas da sociedade e do mundo e que vive um ministério somente fechado entre quatro paredes e dentro da palavra de Deus. A Palavra de Deus é para o mundo, e se é para o mundo é para se viver no meio do mundo.
Tenho a certeza de que o “muro” que me separa do mundo já está derrubado, mas quero que as humildes e, até por vezes, fúteis palavras possam tocar a profundidade daqueles que se querem deixar tocar por Deus. Quero continuar a dizer: «A paz esteja convosco» (Jo 20, 21) a todos quantos se cruzam no meu caminho. Mas não é a paz dos homens, mas sim a paz que Deus nos oferece e nos ensina a viver.
Em muitos momentos da vida já procurei respostas para muitos problemas que se põem à minha frente… procurei em todo o lado, só depois me lembrei que o Evangelho me dá as respostas que eu preciso. Hoje faço assim: já não procuro mais, as respostas que preciso estão na Palavra de Deus.
O evangelho tem as respostas para mim, como tem para toda a pessoa humana.