segunda-feira, outubro 25, 2021

sentir o pulsar da vida (c)


 Realmente é bem diferente ouvir de ouvir muito e selecionar o que se ouve nos vários sons que se sentem na envolvência. Gosto de ouvir música enquanto medito e contemplo o que me rodeia. Mas nem sempre a música que ouço é aquela que se ouve comumente. às vezes gosto de ouvir o silêncio, pois o silêncio fala muito (mas é certo que não estou nada habituado a estar em silêncio). O silêncio faz bem! Faz bem para ouvir o que normalmente não se ouve, pois há muitos sons "escondidos" na natureza e em mim próprio. Hoje parece-me que a minha palavra e forma de sentir a vida será através de ter os ouvidos da alma e do corpo abertos. Ouvir mais e falar menos!? Ainda é uma dúvida que surge, mas uma realidade que terá que ir surgindo passo a passo.

O que estou a ouvir agora? O piar de uns pássaros que comunicam entre si... a brisa que percorre as minhas costas e que deixa sentir o arrepio bom... a buzina do senhor do pão que está na rua ao lado, bem como os passos e as vozes a fazer os pedidos... um avião que me sobrevoa lá no alto, apesar de olhar e olhar e não o ver, ouço-o... ainda ouço o vento nos meus ouvidos... Ouve-se muita coisa, quando se isolam os barulhos que envolvem e se desenvolvem ao redor. Sente-se a vida! Sinto o pulsar da vida com o que ouço, deixando que os sons da vida inundem a minha existência.

quinta-feira, outubro 21, 2021

sentir o pulsar da vida (b)


 Há coisas que nos fazem querer sentir mais do que normalmente sentimos... por exemplo a forma de bater do coração. O coração bate bem forte, às vezes... o coração também bate devagar, às vezes... o coração anda ao ritmo da vida que se tem! Será a conclusão melhor? Não sei! Não faço ciência de algo que desconheço, mas escrevo o que sinto: o coração, às vezes bate depressa, outras vezes devagar e outras vezes desregulado... E nada disto me fez muita impressão, simplesmente me faz sentir que estou vivo e que sinto. É bom sentir!

Parado. Sem nada a ocupar os ouvidos, a não ser a força vital de tudo o que rodeia. Olhos fechados. Respiração profunda. De repente sinto o peito... o peito que se mexe cá dentro e que se quer mexer para fora. É o que sinto! Acho que poucas vezes o fiz: sentir o coração do corpo. Tenho que senti-lo mais vezes, para aprender a saber mais coisas de mim e do mundo que me rodeia, pois assim olharei a outra pessoa no seu coração e não na sua imagem. Eu tenho vida, mas ela também a tem. Eu tenho batimentos diversos, mas ela também os tem. Eu tenho dores no peito, mas ela também as tem. 

Consciencializo-me, mais uma vez, que é preciso sentir mais o pulsar da vida, sentir mais o ritmo do coração do peito, para sentir mais o ritmo dos corações que me rodeiam. Porque são muitos...
e por vezes, porque não me sinto a mim mesmo, também nãos os sinto a eles. E sim, se tenho que fazer um propósito bom, verdadeiro e com horizonte, será o de sentir o que está no meu peito, para sentir mais os peitos dos outros. 

quinta-feira, agosto 12, 2021

sentir o pulsar da vida (a)


Já há algum tempo que não parava durante tanto tempo para sentir o pulsar da vida. A vida tem destas coisas: corre-se tanto, quer fazer-se tanto, acha-se que tudo pode acabar de um momento para o outro, que se pode acabar por deixar de sentir. 

Hoje estou a sentir o calor do meio-dia. Queixa-se quando há calor e quando há frio. Eu neste momento não me queixo de nada, pelo contrário, agradeço esta sombra onde estou sentado a sentir o calor do meio-dia. É grande o calor. Mas também é grande o sentir do calor: na brisa quente que o traz às pálpebras, à gota de suor que escorre pelas costas, aos pés que pisam as pinhas que vão caindo... Nunca imaginei que poderia sentir assim o calor. Dos meus recentes 40 anos, sinto que este calor me tornou a dar o arrepio na espinha que ficou perdido no tempo, por correr tanto e ter deixado de sentir o pulsar da vida. E o cheiro do calor? Incrível, pois ele também se cheira. Dá uma falta de vontade de respirar, mas é uma experiência da vida pela qual todos passamos. E o vento quente que passa e que me leva a querer sair do sítio onde estou e voltar para a comodidade do ar condicionado do carro? Extraordinário, porque quero permanecer aqui mais um pouco a sentir o calor do meio-dia.

carta (z)

 



Muitos suspiros se dão, para sentir a angústia a passar,... mas ela não se vai embora. Teima em ficar. Num abismo que existe e que não se vê o fim, é onde por vezes se vive, aceitando a vida tal qual como ela é, e com sonhos, vontades e desejos de que tudo mude e seja a Tua vontade aquela que prevaleça. Mas é difícil saber qual é a Tua vontade... às vezes parece-me que sei, que a descobri, que a estou a fazer, mas de repente parece que não e tudo vem numa maré de contrariedades e maldades que em nada se conjugam com o Amor e o Perdão que Tu nos ensinas, Senhor. Por isso fico a pensar... a pensar... a pensar... qual é a Tua vontade? Por vezes paro (não tantas vezes como deveria), mas paro diante de Ti para estar só contigo a falar (mesmo que às vezes seja um monólogo da minha parte). Falo, falamos, surgem horizontes e caminhos. Deixo-me levar por eles. De repente os caminhos que parecem certos são errados,... em vez de planaltos e montanhas só se sente o abismo,... em vez de abraços sentem-se arames farpados em redor do coração,... e fica sempre a questão: onde está o horizonte lindo e maravilhoso da vida que se revela aos olhos? E aqui fico aflito (até invoco o Sr dos Aflitos) e olho para Ti na cruz a pensar que me podias aliviar um pouco o peso da minha cruz,... mas também penso que na Tua Cruz, e no peso com que Te carrego e por isso cá vou arrastando a minha cruz! Claro que queria ter o olhar que tive outrora de ver tudo com mais clareza, amizade e fraternidade, mas agora está tudo ainda muito cinzento, vendo só o nevoeiro sem ter a certeza se ele alguma vez vai levantar para ver o sol e as estrelas. 

Por tudo isto, Senhor, só aos Teus pés me coloco para que seja a Tua vontade e não a minha, mas também para que me dês a força para saber aceitar a Tua vontade, por mais aflição que ela me traga. 

Aos Teus pés me coloco para continuar a aceitar a cruz e te confiar as minhas angústias, preocupações e tristezas, na certeza que só Tu as podes converter em alegria e luz. 

Aos Teus pés me coloco para te entregar as pessoas, pois são elas a razão do ministério que Tu me deste. Entrego-as para cuidar delas e saber sempre discernir o melhor caminho para ser Teu pastor e as conduzir a Ti. 

Aos Teus pés me colco, Senhor, para pedir perdão pelas minhas imperfeições,... quedas,... pecados,... e a todos peço o mesmo, tal como rezamos na missa a confissão: "confesso a Deus Todo-Poderoso e a vós irmãos que pequei muitas vezes..." 

Rezo-Te a Ti Senhor,... Rezem por mim que eu continuarei sempre a rezar por todos vós.


terça-feira, maio 18, 2021

carta (x)



O conjunto de sentimentos que surgem entre pessoas são dotados de veracidade e, infelizmente, de interesses pessoais. Escusado será que eu prefiro os verdadeiros, uma vez que são eles que movimentam verdadeiramente os corações e o mundo. Por isso, Senhor, me recordo várias vezes de momentos em que Tu mostras que se tem de ir à profundidade da essência dos sentimentos e das ações, uma vez que sem ir à essência, não se encontram os valores que dão vida. Por isto, gosto de meditar as palavras que Tu dizes: «aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração». Aqui se encontra a verdade, na mansidão e na humildade, pois um coração tumultuoso, impaciente e inquieto, não encontra a paz interior. E é de paz interior que eu/nós precisamos. No desbravar dos caminhos da vida, entendo que é a paz interior que faz mover procuras e buscas de algo que se alcança com um coração manso e humilde. E este é o exercício a ser feito: crias/recriar/formar um coração manso e humilde. Posso bater a muitas portas (coisa que não faço) mas só em Ti encontro o que preciso, pois como alguém me disse: parece haver um antes de rezar um um pós oração. E é verdade! Tudo o que é rezado é mais sentido e vivido, mesmo que sejam as preocupações e dificuldades da vida. Tu, Senhor, abres o caminho e dás o horizonte, que nem sempre é o que eu quero, mas será sempre aquele que será, aquele que Tu queres.