quinta-feira, agosto 12, 2021

sentir o pulsar da vida (a)


Já há algum tempo que não parava durante tanto tempo para sentir o pulsar da vida. A vida tem destas coisas: corre-se tanto, quer fazer-se tanto, acha-se que tudo pode acabar de um momento para o outro, que se pode acabar por deixar de sentir. 

Hoje estou a sentir o calor do meio-dia. Queixa-se quando há calor e quando há frio. Eu neste momento não me queixo de nada, pelo contrário, agradeço esta sombra onde estou sentado a sentir o calor do meio-dia. É grande o calor. Mas também é grande o sentir do calor: na brisa quente que o traz às pálpebras, à gota de suor que escorre pelas costas, aos pés que pisam as pinhas que vão caindo... Nunca imaginei que poderia sentir assim o calor. Dos meus recentes 40 anos, sinto que este calor me tornou a dar o arrepio na espinha que ficou perdido no tempo, por correr tanto e ter deixado de sentir o pulsar da vida. E o cheiro do calor? Incrível, pois ele também se cheira. Dá uma falta de vontade de respirar, mas é uma experiência da vida pela qual todos passamos. E o vento quente que passa e que me leva a querer sair do sítio onde estou e voltar para a comodidade do ar condicionado do carro? Extraordinário, porque quero permanecer aqui mais um pouco a sentir o calor do meio-dia.

Sem comentários: