quinta-feira, agosto 12, 2021

carta (z)

 



Muitos suspiros se dão, para sentir a angústia a passar,... mas ela não se vai embora. Teima em ficar. Num abismo que existe e que não se vê o fim, é onde por vezes se vive, aceitando a vida tal qual como ela é, e com sonhos, vontades e desejos de que tudo mude e seja a Tua vontade aquela que prevaleça. Mas é difícil saber qual é a Tua vontade... às vezes parece-me que sei, que a descobri, que a estou a fazer, mas de repente parece que não e tudo vem numa maré de contrariedades e maldades que em nada se conjugam com o Amor e o Perdão que Tu nos ensinas, Senhor. Por isso fico a pensar... a pensar... a pensar... qual é a Tua vontade? Por vezes paro (não tantas vezes como deveria), mas paro diante de Ti para estar só contigo a falar (mesmo que às vezes seja um monólogo da minha parte). Falo, falamos, surgem horizontes e caminhos. Deixo-me levar por eles. De repente os caminhos que parecem certos são errados,... em vez de planaltos e montanhas só se sente o abismo,... em vez de abraços sentem-se arames farpados em redor do coração,... e fica sempre a questão: onde está o horizonte lindo e maravilhoso da vida que se revela aos olhos? E aqui fico aflito (até invoco o Sr dos Aflitos) e olho para Ti na cruz a pensar que me podias aliviar um pouco o peso da minha cruz,... mas também penso que na Tua Cruz, e no peso com que Te carrego e por isso cá vou arrastando a minha cruz! Claro que queria ter o olhar que tive outrora de ver tudo com mais clareza, amizade e fraternidade, mas agora está tudo ainda muito cinzento, vendo só o nevoeiro sem ter a certeza se ele alguma vez vai levantar para ver o sol e as estrelas. 

Por tudo isto, Senhor, só aos Teus pés me coloco para que seja a Tua vontade e não a minha, mas também para que me dês a força para saber aceitar a Tua vontade, por mais aflição que ela me traga. 

Aos Teus pés me coloco para continuar a aceitar a cruz e te confiar as minhas angústias, preocupações e tristezas, na certeza que só Tu as podes converter em alegria e luz. 

Aos Teus pés me coloco para te entregar as pessoas, pois são elas a razão do ministério que Tu me deste. Entrego-as para cuidar delas e saber sempre discernir o melhor caminho para ser Teu pastor e as conduzir a Ti. 

Aos Teus pés me colco, Senhor, para pedir perdão pelas minhas imperfeições,... quedas,... pecados,... e a todos peço o mesmo, tal como rezamos na missa a confissão: "confesso a Deus Todo-Poderoso e a vós irmãos que pequei muitas vezes..." 

Rezo-Te a Ti Senhor,... Rezem por mim que eu continuarei sempre a rezar por todos vós.


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