terça-feira, dezembro 01, 2020

carta (u)



 Muito tempo passou sem escrever-te, Senhor. Sinceramente, não sei a razão. Talvez porque falo mais do que escrevo. Talvez porque penso mais do que registo. Talvez porque o tempo não sobra. Muitos talvez... mas é certo que não Te esqueço. Estás tantas vezes no meu pensamento. Ralho contigo e depois ralho comigo. Peço- te a Luz para ver o caminho, mas por vezes não dou os passos (já com o caminho iluminado). 

Há tanta coisa que me passa... pela cabeça. Tanta,... mas tanta mesmo. Mas não gosto que passe só pela cabeça, mas que passe pelo coração. Quando a vida passa pelo coração é mais sentida. Sentida em todas as maneiras: na felicidade e na dor, na alegria e na tristeza, na serenidade e na tempestade. É muito mais sentida. Apesar de termos de viver longe, não podemos viver sem sentimentos e sem nos sentirmos uns aos outros. E isto sim, faz falta: sentirmo-nos uns aos outros. Se há coisa que me passa pela cabeça e pelo coração é a vida com sentimentos.

Sim, eu também sei, Senhor, que não sou a pessoa que mais mostra os sentimentos que dão o que muitos querem sentir. Sou tempestivo, frio e, às vezes, bruto, no trato com as pessoas. Continuo a respirar muito profundamente e pedir-Te que me serenes a alma e o coração. Por isto e muito mais te agradeço, porque sinto que Tu o fazes. Gosto de sentir que Tu me conchegas, não de uma forma egoísta (pensando que és só meu), mas é bom sentir que Tu estás presente. E olha, Senhor, nos últimos meses, muitas e muitas vezes tenho sentido a Tua mão e o Teu coração.

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